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sábado, 28 de agosto de 2010

Apartamento solitário.

Você me deixou. Com frio, levou consigo aquele nosso cobertor. Deixou-me aqui sozinho, sofrendo, com essa dor. Levou embora todo nosso amor. E eu fico aqui, calado, solitário, vendo TV, naquele nosso grandioso sofá, onde agora só habita um único corpo: o meu.
À tarde, faço aquele chá, o qual tomávamos todos os sias, todas as tardes, dizendo lindas palavras de amor. Ainda teimo em colocar mais de uma xícara na mesa. Ainda não me acostumei com sua partida. E vai ficando, todas as vezes que isso acontece, alguma lágrima que cai do meu rosto, no fundo da louça.
No final da tarde, vou à varanda do apartamento, fazer o programa que eu mais gostava de fazer, todos os dias, com a sua companhia. Sento em uma das duas cadeiras, e começo a apreciar o pôr-do-sol (ou 'sunset', como você gostava de chamar), que agora já não tem mais graça. E fica rondando por aqui um silêncio perturbador, o qual passou a vir, desde o dia em que você resolveu partir.
Começo a chorar. Chorar enlouquecidamente, desesperadamente, com saudade de você e dos nossos lindos momentos. Choro, por tudo que se foi, e não mais voltará. Não mais, nunca mais. E quando penso nisso mais aumenta, mais aperta, a dor que há em meu peito.
Saio dali e vou correndo para o nosso quarto, deitar e despejar minhas lágrimas na nossa cama, que agora é só minha, e eu tenho que aceitar, mesmo odiando o vazio que existe nela, nas madrugadas que se seguem. Mas eu tenho que me acostumar, eu tento me acostumar.
Depois de tantas lágrimas derramadas, após todo aquele sofrimento imaginável, que faz arder meu coração, eu acabo por adormecer.
Acordo, vejo que a luz do abajur está acesa. Fico inquieto, pensando que você voltou. Abro as cortinas e reparo que já amanheceu. Corro pra cozinha, pros quartos, pra sala (...), não te encontro. Sento no sofá, chorando, e vejo que tudo aquilo, infelizmente, não era um sonho.


(Lucas de Oliveira Rodrigues)

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